Que me desculpem os fãs apaixonados pela diva internacional Madona, mas é preciso que esta grande diva-pop faça muito mais para ser alçada ao posto que nós brasileiros demos a ela. Ninguém discorda do seu valor para a música pop, nem contesta os feitos numéricos alcançados por sua popularidade, mas aqui mesmo no Brasil temos uma artista comparável ao que nossa mídia costuma designar a cantora americana. Madona é um ícone mundial, mas é incrível como não reconhecemos que aqui mesmo, bem próximo a nós, Daniela Mercury festeja em sua carreira uma mescla de talento, ousadia e sim, sensualidade. E uma sensualidade sadia e instigante sem apelar pelo embate erótico como acontece por lá.
Mas é de praxe da cultura nacional invocar como ídolos aqueles que vêm de fora. Quando pisam por aqui, tais artistas empinam o nariz, fazem exigências e metade da população que os escuta nem sabe o que dizem as letras das músicas. Os ingressos para os shows ultrapassam a cifra dos R$ 200, isso para um lugar mediano, e a torcida é para que não se use play-back na maioria das canções. Grandes nomes da música mundial passaram pelo Brasil nos últimos anos e ganham destaque televiso, inclusive com shows exibidos na íntegra pela maior emissora do país, a Rede Globo.
Enquanto glamourizamos o produto americano menosprezamos o brasileiro. Pior ainda, quando se trata de uma “cria” baiana, o preconceito é maior. E esta seria a palavra que melhor se encaixaria aqui. Cantoras do quilate de Britney Spears, Cristina Aguilera, Jenifer Lopez, Beyoncé e tantas outras parecidas, seguiram os passos de Madona e são referências para a imprensa aqui. Mas referência de que? Por que um cantor ganharia pontos se comparados a tais estrelas? Musicalmente falando, o ritmo do axé-music é infinitamente superior, sim.
O que Madonna faz com a sua música encanta o mundo porque é divulgado a exaustão pela mídia e é um segmento explorado pelo mundo do entretenimento. O estilo de suas canções seguem e se repetem, se reciclam nas letras e nas superproduções dos vídeo-clipes, mas nada além disso. Nada que seja expoente na história da música e que a tornaria uma deusa. É uma deusa-produto, fabricada pela indústria. Talento, ela tem e é inegável, mas é um exagero os jornais brasileiros e os telejornalísticos abordarem a data de seu aniversário com a importância de uma “independência do Brasil”.
Camille Paglia, é uma das intelectuais americanas de cultura e arte mais importante dos EUA e escreveu um artigo que inspirou esta coluna, relatando no seu título, ser Daniela, a Diva Brasileira que Madonna gostaria de ser. Nenhum jornal ou emissora de Tv deu importância ao fato. Afinal, Daniela Mercury é uma cantora que surgiu nos trios elétricos do carnaval da Bahia e portanto não merecia destaque se a mesma informação tivesse sido dada a alguém como Ana Carolina ou Adriana Calcanhoto, estas sim, merecedoras de muitas linhas porque lançam discos intitulados de MPB, mas que regravam letras requentadas que poderiam cair na voz de qualquer cantor sertanejo. Não estamos discutindo voz, nem talento (ressaltando de novo), mas Ana Carolina “comeu” a Madonna e toda a crítica aplaudiu, quando se canta “toda boa” é uma apologia ao erotismo e não uma ode a mulher brasileira.
Os artistas baianos não podem usar sua linguagem nem universalizar suas gírias. Daniela Mercury, canta, dança, embala, passa por todos os ritmos e como todo ser humano passível de erro, percorre por caminhos duvidosos, ainda assim tomada de coragem e ousadia. Seus discos conseguem ser muito diferentes um dos outros, sem seguir uma linha, mesmo que sejam classificados de ruins ou medianos. Do figurino ao “boa noite” é estudado o que ela quer dizer e o que quer transmitir. Insere cultura e é despretensiosa ao mesmo tempo, quando envoca os hits de axé no trio. Tanta diversidade a afastou do título de cantora de axé, que ela não nega, mas resgata sempre que alguém diz que ela o abandonou. Polêmica com objetivos, inteligente e vencedora. Hoje, Daniela não vive o auge do sucesso e nem é figurinha fácil na imprensa ou na TV, mas alcançou um patamar de respeito e um ideal artístico, alguém que tem arquivo para mostrar e projetos a desenvolver. Não virão tantos prêmios populares como antes e nem tanto reconhecimento como se merecia, mas esta fase profissional é uma que os ícones e pop-stars como Madonna jamais vão chegar. Entenda-se isto como quiser.
Camille Paglia mostrou em seu artigo um fato que muitos não querem enxergar. (Para os interessados em ler, ao final do texto seguem links com as matérias publicadas por ela). Daniela Mercury é uma grande diva, uma rainha nata, que mantém muitos súditos aos seus pés. Não tantos quanto os de Madonna, mas cá entre nós, qualidade é discutível. Daniela faz no carnaval de Salvador e nas suas apresentações coisas que Madonna já mostrou não ser capaz de fazer (sim, isto é uma provocação). Cantar, dançar, pular, emocionar e girar inúmeras vezes sem tirar a ponta do pé do lugar. Daniela faz tudo isso sem ofegar uma única vez e provavelmente esbravejaria se alguém mencionasse a idéia dela usar um “playback” para diminuir seu esforço. Isto é provável. Não tentem dizer que há controvérsias. E o melhor, é que outras cantoras baianas também o fazem.
Algumas emissoras estão brigando para transmitir o show de Madonna no Brasil. A cifra de publicidade é de quase cinco milhões de dólares. Se fechado o acordo, a transmissão em dezembro mostrará uma mega produção transmitida ao vivo e sem tradução. Ou seja, os brasileiros diante da TV e os boa parte dos que estarão no Maracanã vou entender apenas um “Boa noite, Brasil” cheio de sotaque e no final da apresentação um “Te amo, Brasil”. No dia seguinte, vários jornais darão uma manchete, “Madonna declara amor ao Brasil”, enquanto, uma rainha, Daniela Mercury continuará falante, expressiva e fazendo quem a acompanha entender de música, dança, cultura baiana sem se importar com o que dizem ao seu respeito. Feliz de nós que a reconhecemos e a coroamos com os merecidos créditos pulando sem fôlego atrás do seu trio.
Mais uma vez, que me desculpem os fãs da Madonna. Mas eu prefiro Maimbé.
sábado, 30 de agosto de 2008
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
O cantor Netinho está com CD novo nas lojas. “Minha praia” vem recheado de músicas inéditas e misturando ritmos que vão do pop ao axé, do romântico ao forró eletrônico demonstrando em letras e melodias a inquietude canceriana do artista que considera está a melhor fase da sua carreira. “Estou muito feliz, viajando o Brasil todo com shows, o CD está maravilhoso, sem dúvidas é a minha melhor fase profissional”. Transformando o “hiato” de dois anos que deu no passado, quando se afastou dos trios elétricos, em aprendizado para este momento, Netinho experimentou uma aproximação maior com os fãs, resgatou seus admiradores, conquistou um novo público e sente-se livre para experimentar cada vez mais como prova os projetos “Cara a cara”, o barateamento do disco que chega as lojas ao preço de R$ 9,90 e uma festa eletrônica com 24 horas de duração.
Nesta entrevista concedida ao jornalista Daniel Oliveira do portal “Axé Total” o cantor questiona a confusão que se tornou o circuito do Campo Grande no carnaval e sugere mudanças, fala dos seus planos para 2009 e da gravação do DVD em Porto Seguro.
Axé Total: O CD “Minha praia” foi bem recebido pelo público e os fãs andam comentando muito o disco elegendo suas faixas preferidas. Na pesquisa do site a galera divide-se em aposta para o carnaval em “Muito bom” e “Comendo água” e além de “Caça e Caçador” outras duas músicas aparecem como as mais cotadas pelos fãs “Beco sem saída” e “A paixão não tem cura”. E na sua opinião quais são suas principais apostas do álbum e qual sua estratégia de lançamento em relação as próximas canções que você vai trabalhar na rádio.
Netinho: Para mim, “Caça e caçador”, regravação de Fabio Junior que é massa, ficou num ritmo muito legal, uma roupagem interessante e “Muito bom” que vamos lançar daqui a um mês e ficará até o carnaval. Primeiro vamos lançar a versão em estúdio e depois de um tempo a versão ao vivo para as rádios. Será a nossa música de carnaval.
Axé Total: Outra coisa que chama a atenção no disco é o preço do CD, o que inclusive fez os internautas questionarem o dowloand do disco. Muitos artistas quando indagados sobre o valor de um álbum deste porte culpam as gravadoras pelo alto preço, mas o seu disco está custando em média 10 reais. Qual o artifício que você usou para lançá-lo desta maneira no mercado?
Netinho: É algo inovador no mercado de disco no Brasil, foi um requisito meu pra assinar com a Som Livre, eu ia lançar esse disco independente, mas acabou sendo pela Som Livre e coloquei essa clausula que o Cd chegasse nas lojas com um preço competitivo com a pirataria. Me reuni com todos os compositores dos discos, abaixei os rolyets de todo mundo, a gravadora reduziu sua margem de lucro também e conseguimos colocar nas lojas um produto de excelente qualidade técnica e musical por este preço a R$ 9,90. É uma atitude que daqui pra frente muitos artistas vão adotar em relação as gravadoras, é algo que eles não podem fazer sozinho porque o artista tem que abrir mão de algumas coisas também. É uma proposta bacana de combate a pirataria. A gravadora ganhando um pouco menos, o artista também, mas um preço acessível a todo mundo. O consumidor vai questionar se vale a pena comprar um pirata sem qualidade ou um original barato e de qualidade superior.
Axé Total: O projeto “Cara a cara” está sendo um sucesso e mais uma vez partiu de uma iniciativa de inovação da sua parte, aproximando mais o artista do seu público. Você é um artista que oferece retorno ao público através do Blog, facilita o acesso dos fãs e expõe seu processo de criação na internet. Você não tem medo dessa exposição e até que ponto as pessoas que se comunicam através de você neste canal interferem no seu trabalho.
Netinho: De forma alguma. Eu fiquei dois anos e meio afastado de tudo, dei uma pausa pra cuidar da minha vida pessoal, cuidar de outras coisas. A idéia do blog foi justamente por isso, como fiquei distante do público esse período, criei o blog para aproximar as pessoas do meu trabalho. Criei ele no dia do meu aniversário ano passado no dia 12 de julho e virou até um espelho para eu me conhecer melhor, porque quando a gente escreve se questiona mais. Ali coloco coisas que faço no meu dia-a-dia, tanto profissionalmente quanto da vida pessoal. E o espaço cresceu muito. Coloco minha agenda, fotos de shows, entrevistas que eu dou, divulgo tudo do meu trabalho e também falo de um filme que assisto, de um Cd que estou ouvindo, o que eu vejo e gosto, o que não gosto. Virou um espaço agradável, ponto de encontro dos fãs, criamos uma comunidade lá dentro, gente que se conheceu por lá e superou e muito minha expectativa inicial. E é uma fonte oficial, porque sou eu que escrevo.
Axé Total: Para o carnaval 2009 qual é a sua agenda?
Netinho: Não posso falar tudo ainda, até porque não está tudo certo, mas confirmado temos o “Trimix” sexta e sábado na Barra. Na terça-feira eu fico visitando os camarotes, blocos, visitando a mídia e os amigos. Outors blocos ainda estamos negociando.
Axé Total: Qual seria o seu lado “B” musicalmente falando, que o público não conhece muito, mas você gostaria de cantar nos seus shows?
Netinho: Inclusive vou fazer um show em novembro aqui em Salvador com este lado B. Vai rolar um evento chamado “Luau Mix eletro”, é uma rave de 24 horas de duração e terá dois shows meus. Vai acontecer de sábado para domingo e eu faço um show na abertura com músicas que normalmente não canto, o “Netinho Lado B” misturando MPB, pop, Ana Carolina, Cazuza, Cateano, Gil essas coisas, tudo em ritmo dançante e um show no final, encerrando que é o repertório de axé mesmo. Nesse intervalo haverá Dj’s, música eletrônica e uma banda de pop-rock que ainda estamos definindo.
Axé Total: Que tipo de música, artista, você escuta em seu ipod?
Netinho: Meui ipod tem de tudo, parece coisa de maluco. Mas tem um cara que estou ouvindo o cd dele há uns seis meses. MICA, é um cantor que mora na Inglaterra, muito bom. Eu gosto de pesquisar, saber o que está acontecendo no mundo em termos musicais. Gosto muito de ouvir Elis, adoro Queen, curto de tudo um pouco. Varia bastante.
Axé Total: Como é seu processo de escolha das músicas que farão parte do CD?
Netinho: Eu vou muito pela letra primeiro. A mensagem que a musica ta passando. Quando a musica não é minha se é aquilo que eu realmente quero dizer a alguém. Tive sorte com esse disco porque todas as musicas são minha cara. “Ta muito Netinho mesmo”.
Axé Total: Sobre o projeto do seu segundo DVD…
Netinho: Em novembro deste ano, gravo meu segundo DVD em Porto Seguro e vai ter como base esse disco “Minha praia” e mais duas ou três canções inéditas e alguns “resgates” da minha carreira. Vai ser show de palco e deve ser lançado pela Som Livre. Entre os convidados, já tem dois confirmados, Saulo Fernandes que cantará “Caça e Caçador” e Daniel com uma romântica, “Nunca mais”, também deste novo disco.
Axé Total: Após a confirmação de sua saída da produtora “Caco de Telha” começaram a criar-se especulações sobre uma suposta briga sua com Ivete Sangalo, assim como já tinha rolado boatos de brigas com a cantora Claudia Leite em um outro episódio. Primeiro, gostaria que você esclarecesse para os internautas o motivo da saída da Caco e sua relação com Ivete e como você lida com noticias desse gênero especulativas e infundadas, mas que acabam sendo tomadas como verdade pelas pessoas.
Netinho: Acho esses “boatos” até normais, porque sou uma pessoa pública e o ser humano é curioso e existem sites que alimentam esse tipo de curiosidade, mas nem sempre expondo a verdade, querendo gerar polêmica e atrair audiência. Claudinha e Ivete são amigas queridas, nunca houve nada disso. Minha amizade com Ivete e Jesus continua e está acima de qualquer negocio. Quando voltei a dois anos, a Caco foi minha grande parceira no DVD, fiquei dois anos lá e eu decidi abrir minha própria produtora (A ‘Bem Bolado”) porque eu sou canceriano, muito imediatista, agoniado e quero ver minhas coisas acontecendo logo e a Caco apesar de ser uma empresa de alto porte, a Ivete é um produto muito grande lá dentro e não tinha muito espaço para mim. Então tirei de lá a condução da minha carreira, a divulgação do meu trabalho e mantivemos a parceria da venda de shows e a parceria com os projetos do “Cerveja e Cia”. Este ano faremos dois, em novembro em Porto Seguro e logo depois em Teresina. São profissionais queridos e quem sabe no futuro teremos outros encontros legais.
Axé Total: Você acha que o carnaval na Bahia está sofrendo uma crise de identidade, devido a crescente descida dos blocos do Campo Grande para a Barra? Você pretende voltar a puxar algum bloco no circuito do campo grande?
Netinho: Pretendo não. Está muito desorganizado aquilo ali. O que eu acho do carnaval de Salvador hoje é que ele é muito previsível. Para mim deveria acabar com a fila dos blocos por idade. Porque todo mundo já sabe a ordem, isso faz com que a festa perca a graça. Se houvesse sorteio, o carnaval seria outro, porque as pessoas iriam para a avenida e teriam várias surpresas, consequentemente, a competitividade dos blocos ia aumentar, porque a comodidade do lugar da fila de ser o primeiro ou segundo iria acabar e então eles teriam que fazer de tudo para superar o outro, gerando mais fantasias, abadas diferentes, convidados, trios elétricos diferentes, todo mundo estaria motivado a fazer mais para atrair os foliões. Fica a mesma coisa todo ano, até a cobertura da imprensa. Previsível demais. É um carnaval meio chato de assistir pela televisão, acho que desta forma seria melhor, mais atrativo.
Nesta entrevista concedida ao jornalista Daniel Oliveira do portal “Axé Total” o cantor questiona a confusão que se tornou o circuito do Campo Grande no carnaval e sugere mudanças, fala dos seus planos para 2009 e da gravação do DVD em Porto Seguro.
Axé Total: O CD “Minha praia” foi bem recebido pelo público e os fãs andam comentando muito o disco elegendo suas faixas preferidas. Na pesquisa do site a galera divide-se em aposta para o carnaval em “Muito bom” e “Comendo água” e além de “Caça e Caçador” outras duas músicas aparecem como as mais cotadas pelos fãs “Beco sem saída” e “A paixão não tem cura”. E na sua opinião quais são suas principais apostas do álbum e qual sua estratégia de lançamento em relação as próximas canções que você vai trabalhar na rádio.
Netinho: Para mim, “Caça e caçador”, regravação de Fabio Junior que é massa, ficou num ritmo muito legal, uma roupagem interessante e “Muito bom” que vamos lançar daqui a um mês e ficará até o carnaval. Primeiro vamos lançar a versão em estúdio e depois de um tempo a versão ao vivo para as rádios. Será a nossa música de carnaval.
Axé Total: Outra coisa que chama a atenção no disco é o preço do CD, o que inclusive fez os internautas questionarem o dowloand do disco. Muitos artistas quando indagados sobre o valor de um álbum deste porte culpam as gravadoras pelo alto preço, mas o seu disco está custando em média 10 reais. Qual o artifício que você usou para lançá-lo desta maneira no mercado?
Netinho: É algo inovador no mercado de disco no Brasil, foi um requisito meu pra assinar com a Som Livre, eu ia lançar esse disco independente, mas acabou sendo pela Som Livre e coloquei essa clausula que o Cd chegasse nas lojas com um preço competitivo com a pirataria. Me reuni com todos os compositores dos discos, abaixei os rolyets de todo mundo, a gravadora reduziu sua margem de lucro também e conseguimos colocar nas lojas um produto de excelente qualidade técnica e musical por este preço a R$ 9,90. É uma atitude que daqui pra frente muitos artistas vão adotar em relação as gravadoras, é algo que eles não podem fazer sozinho porque o artista tem que abrir mão de algumas coisas também. É uma proposta bacana de combate a pirataria. A gravadora ganhando um pouco menos, o artista também, mas um preço acessível a todo mundo. O consumidor vai questionar se vale a pena comprar um pirata sem qualidade ou um original barato e de qualidade superior.
Axé Total: O projeto “Cara a cara” está sendo um sucesso e mais uma vez partiu de uma iniciativa de inovação da sua parte, aproximando mais o artista do seu público. Você é um artista que oferece retorno ao público através do Blog, facilita o acesso dos fãs e expõe seu processo de criação na internet. Você não tem medo dessa exposição e até que ponto as pessoas que se comunicam através de você neste canal interferem no seu trabalho.
Netinho: De forma alguma. Eu fiquei dois anos e meio afastado de tudo, dei uma pausa pra cuidar da minha vida pessoal, cuidar de outras coisas. A idéia do blog foi justamente por isso, como fiquei distante do público esse período, criei o blog para aproximar as pessoas do meu trabalho. Criei ele no dia do meu aniversário ano passado no dia 12 de julho e virou até um espelho para eu me conhecer melhor, porque quando a gente escreve se questiona mais. Ali coloco coisas que faço no meu dia-a-dia, tanto profissionalmente quanto da vida pessoal. E o espaço cresceu muito. Coloco minha agenda, fotos de shows, entrevistas que eu dou, divulgo tudo do meu trabalho e também falo de um filme que assisto, de um Cd que estou ouvindo, o que eu vejo e gosto, o que não gosto. Virou um espaço agradável, ponto de encontro dos fãs, criamos uma comunidade lá dentro, gente que se conheceu por lá e superou e muito minha expectativa inicial. E é uma fonte oficial, porque sou eu que escrevo.
Axé Total: Para o carnaval 2009 qual é a sua agenda?
Netinho: Não posso falar tudo ainda, até porque não está tudo certo, mas confirmado temos o “Trimix” sexta e sábado na Barra. Na terça-feira eu fico visitando os camarotes, blocos, visitando a mídia e os amigos. Outors blocos ainda estamos negociando.
Axé Total: Qual seria o seu lado “B” musicalmente falando, que o público não conhece muito, mas você gostaria de cantar nos seus shows?
Netinho: Inclusive vou fazer um show em novembro aqui em Salvador com este lado B. Vai rolar um evento chamado “Luau Mix eletro”, é uma rave de 24 horas de duração e terá dois shows meus. Vai acontecer de sábado para domingo e eu faço um show na abertura com músicas que normalmente não canto, o “Netinho Lado B” misturando MPB, pop, Ana Carolina, Cazuza, Cateano, Gil essas coisas, tudo em ritmo dançante e um show no final, encerrando que é o repertório de axé mesmo. Nesse intervalo haverá Dj’s, música eletrônica e uma banda de pop-rock que ainda estamos definindo.
Axé Total: Que tipo de música, artista, você escuta em seu ipod?
Netinho: Meui ipod tem de tudo, parece coisa de maluco. Mas tem um cara que estou ouvindo o cd dele há uns seis meses. MICA, é um cantor que mora na Inglaterra, muito bom. Eu gosto de pesquisar, saber o que está acontecendo no mundo em termos musicais. Gosto muito de ouvir Elis, adoro Queen, curto de tudo um pouco. Varia bastante.
Axé Total: Como é seu processo de escolha das músicas que farão parte do CD?
Netinho: Eu vou muito pela letra primeiro. A mensagem que a musica ta passando. Quando a musica não é minha se é aquilo que eu realmente quero dizer a alguém. Tive sorte com esse disco porque todas as musicas são minha cara. “Ta muito Netinho mesmo”.
Axé Total: Sobre o projeto do seu segundo DVD…
Netinho: Em novembro deste ano, gravo meu segundo DVD em Porto Seguro e vai ter como base esse disco “Minha praia” e mais duas ou três canções inéditas e alguns “resgates” da minha carreira. Vai ser show de palco e deve ser lançado pela Som Livre. Entre os convidados, já tem dois confirmados, Saulo Fernandes que cantará “Caça e Caçador” e Daniel com uma romântica, “Nunca mais”, também deste novo disco.
Axé Total: Após a confirmação de sua saída da produtora “Caco de Telha” começaram a criar-se especulações sobre uma suposta briga sua com Ivete Sangalo, assim como já tinha rolado boatos de brigas com a cantora Claudia Leite em um outro episódio. Primeiro, gostaria que você esclarecesse para os internautas o motivo da saída da Caco e sua relação com Ivete e como você lida com noticias desse gênero especulativas e infundadas, mas que acabam sendo tomadas como verdade pelas pessoas.
Netinho: Acho esses “boatos” até normais, porque sou uma pessoa pública e o ser humano é curioso e existem sites que alimentam esse tipo de curiosidade, mas nem sempre expondo a verdade, querendo gerar polêmica e atrair audiência. Claudinha e Ivete são amigas queridas, nunca houve nada disso. Minha amizade com Ivete e Jesus continua e está acima de qualquer negocio. Quando voltei a dois anos, a Caco foi minha grande parceira no DVD, fiquei dois anos lá e eu decidi abrir minha própria produtora (A ‘Bem Bolado”) porque eu sou canceriano, muito imediatista, agoniado e quero ver minhas coisas acontecendo logo e a Caco apesar de ser uma empresa de alto porte, a Ivete é um produto muito grande lá dentro e não tinha muito espaço para mim. Então tirei de lá a condução da minha carreira, a divulgação do meu trabalho e mantivemos a parceria da venda de shows e a parceria com os projetos do “Cerveja e Cia”. Este ano faremos dois, em novembro em Porto Seguro e logo depois em Teresina. São profissionais queridos e quem sabe no futuro teremos outros encontros legais.
Axé Total: Você acha que o carnaval na Bahia está sofrendo uma crise de identidade, devido a crescente descida dos blocos do Campo Grande para a Barra? Você pretende voltar a puxar algum bloco no circuito do campo grande?
Netinho: Pretendo não. Está muito desorganizado aquilo ali. O que eu acho do carnaval de Salvador hoje é que ele é muito previsível. Para mim deveria acabar com a fila dos blocos por idade. Porque todo mundo já sabe a ordem, isso faz com que a festa perca a graça. Se houvesse sorteio, o carnaval seria outro, porque as pessoas iriam para a avenida e teriam várias surpresas, consequentemente, a competitividade dos blocos ia aumentar, porque a comodidade do lugar da fila de ser o primeiro ou segundo iria acabar e então eles teriam que fazer de tudo para superar o outro, gerando mais fantasias, abadas diferentes, convidados, trios elétricos diferentes, todo mundo estaria motivado a fazer mais para atrair os foliões. Fica a mesma coisa todo ano, até a cobertura da imprensa. Previsível demais. É um carnaval meio chato de assistir pela televisão, acho que desta forma seria melhor, mais atrativo.
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